ANS acelera criação de plano que une assistência médica e previdência privada

Plano pode unir saúde e previdência
ANS acelera criação de plano que une assistência médica e previdência privada

Autor(es): Karina Toledo
O Estado de S. Paulo - 18/02/2011 

Pela proposta, parte do valor da mensalidade seria acumulada em um fundo de capitalização individual, que custearia os gastos com saúde após os 60 anos; tema, debatido há anos, foi incluído na agenda regulatória da agência e se tornou prioridade


A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) promete finalizar ainda neste semestre o desenho de um novo tipo de plano que une assistência médica e previdência privada. A ideia é acumular parte do valor da mensalidade em um fundo de capitalização individual, que ajudaria a custear os gastos com saúde após os 60 anos, quando a necessidade de assistência aumenta e a renda, normalmente, diminui.

O projeto vem sendo debatido há alguns anos pelas empresas do setor. Agora o tema foi incluído na Agenda Regulatória da agência - uma espécie de plano de gestão - e se tornou prioridade. "Nos preocupa a sustentabilidade da saúde suplementar. O número de idosos, que hoje representam 10% da população e 25% dos gastos com saúde, deve triplicar até 2050", diz Mauricio Ceschin, presidente da ANS.

Segundo ele, o sistema atual - em que o valor da mensalidade cresce em função da faixa etária - não é uma boa resposta para a mudança demográfica em curso no País. "Criar um plano de previdência privada atrelado a um plano de saúde é uma das alternativas que estamos estudando."

O produto seria oferecido por meio de parceria entre uma operadora de saúde e uma instituição financeira que trabalhe com planos do tipo Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL), que permite acumular recursos por um prazo contratado. O resgate do dinheiro - hoje sujeito ao imposto de renda a uma alíquota mínima de 10% e máxima de 27,5% - seria totalmente isento de tributação caso fosse usado com despesas médicas ou para o pagamento de um plano de saúde.

A renúncia fiscal é justamente o maior obstáculo para que a ideia entre em prática ainda neste ano, pois depende do sinal verde da Receita Federal e dos Ministérios da Saúde e da Fazenda. Mas Ceschin diz ser possível lançar o produto sem mudança na legislação: "O VGBL já existe. O que precisamos é construir uma visão conjunta entre as áreas da saúde e da previdência".

A ANS conta com apoio dos representantes desses setores. Na última semana, a Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi) e a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) entregaram suas contribuições para a proposta. A Superintendência de Seguros Privados (Susep) deu seu aval.

Ressalvas. Carlos Suslik, professor de Gestão de Saúde do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), considera a ideia boa, mas faz ressalvas. "É uma aposta para daqui a 20 anos. As empresas têm de ser robustas e o governo terá de dar guarida para não deixar os beneficiários desamparados caso elas quebrem", diz. Além disso, continua, não será fácil estabelecer o preço justo para cobrir gastos atuais e futuros.

Suslik defende que seja mantida a ótica mutualista do sistema atual, em que todos pagam para que uns usem mais o sistema e outros menos, de modo que haja diluição do risco. "Há duas possibilidades: uma é o beneficiário e sua família terem o direito de ficar com o dinheiro acumulado e gerenciá-lo como quiser. Se acabar, problema dele. Na outra, em vez de ficar com o dinheiro, ele permanece com o plano de saúde. Se morrer aos 61 anos, foi um mau negócio, mas, se viver até os 120, terá sido um ótimo negócio. Saúde é algo imprevisível."

Embora não considere a solução ideal para o financiamento da saúde, o consultor financeiro Mauro Calil diz que a proposta é melhor que o sistema atual. Já a advogada Rosana Chiavassa, especializada no tema, acha temerário esse modelo num país "com histórico de falta de seriedade na gestão de fundos de capitalização".
 

ClippingMP

 

Notícias

Compreensão do processo

  Relações de trabalho exigem cuidado com contrato Por Rafael Cenamo Juqueira     O mercado de trabalho passou por determinadas alterações conceituais nos últimos anos, as quais exigiram do trabalhador uma grande mudança de pensamento e comportamento, notadamente quanto ao modo de...

Portal da Transparência

CNJ lança Portal da Transparência do Judiciário na internet Quinta, 20 de Janeiro de 2011     Informações sobre receitas e despesas do Poder Judiciário federal estão disponíveis no Portal da Transparência da Justiça (https://www.portaltransparencia.jus.br/despesas/), criado pelo Conselho...

Dentista reclama direito a aposentadoria especial

Quarta-feira, 19 de janeiro de 2011 Cirurgião dentista que atua no serviço público de MG reclama direito a aposentadoria especial Chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) Reclamação (Rcl 11156) proposta pelo cirurgião dentista Evandro Brasil que solicita o direito de obter sua aposentadoria...

OAB ingressará com Adins no STF contra ex-governadores

OAB irá ao Supremo propor cassação de pensões para os ex-governadores Brasília, 17/01/2011 - O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante, afirmou hoje (17) que a OAB ingressará com ações diretas de inconstitucionalidade (Adins) no Supremo Tribunal Federal contra todos...

Desmuniciamento de arma não conduz à atipicidade da conduta

Extraído de Direito Vivo Porte de arma de fogo é crime de perigo abstrato 14/1/2011 16:46   O desmuniciamento da arma não conduz à atipicidade da conduta, bastando, para a caracterização do delito, o porte de arma de fogo sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar....

Prática de racismo no ambiente de trabalho

Extraído de JusBrasil Apelidos racistas no ambiente de trabalho geram danos morais Extraído de: Direito Vivo - 38 minutos atrás   Na Justiça do Trabalho de Minas ainda é grande a incidência de processos que denunciam a prática de racismo no ambiente de trabalho. Mas a sociedade moderna e as...